sábado, 14 de fevereiro de 2009

Do aproveitamento da base às vaias da torcida

Realmente utilizar o Campeonato Estadual como laboratório para a garotada da base é o correto?

E as vaias da torcidas para as falhas dos jogadores oriundos da base, como as para Talheti, são corretas?

Após todo o alarde da grande falha de Talhetti que originou o segundo gol da Chapecoense na partida de quarta-feira, uma polêmica formou-se entre os bate-papos alvinegros por todo o Estado, inclusive na comunidade do Figueirense foi tema de grande debate. Ambas as perguntas acima estão em pauta.

O Catarinense deve sim ser usado como laboratório. Pintado vem fazendo o contrário do que Gallo fez no ano passado. O atual técnico do Bahia promoveu quase nenhum atleta da base e foi muito criticado por isso, afinal o time era o atual campeão da Copa São Paulo, Gallo não queria esperança da base, queria novos atletas para compôr o elenco. É natural que sejam lançados, aos poucos, os atletas de uma base tão vitoriosa quanto a nossa. Um bom exemplo é o Corinthians, atual campeão, que promoveu um grupo de jovens para a equipe profissional e alguns inclusive, como o meio-campo Boquita, vem conseguindo espaço no time. No ano passado apenas William Matheus teve uma sequência. Luan, Marquinhos e Franklin tiveram chances efêmeras, já em 2009 começaram a tentar resolver o que erraram no passado, colocando o Gustavo como 3º goleiro, Ricardo, Edson Galvão, Talhetti e Marquinhos - todos titulares daquela campanha vitoriosa pela base.

O excelente comentário feio por Ney Pacheco, do blog Furacão Alvinegro, me colocou a pensar, assim como um bom debate que tive com Luis Felipe, Thiago Meurer na Comunidade do Figueirense. O blog supracitado afirmou que a média de idade dos jogadores utilizados na última vitória contra a Chapecoense foi de 22,2 anos, com o garoto Talheti sendo o mais novo, com apenas 19 anos. Ou seja, o time é muito, muito jovem. É eminente a falta de um jogador de maior experiência para guiar os jovens valores alvinegros - este seria Pedrinho e Fernandes, além de Schwenck, porém os dois primeiros estão no Departamento Médico e com isso mais jovens da base entraram em campo.

Marcos e Dieyson formaram, então, a dupla de zaga alvinegra - uma dupla júnior. Com isso o Figueirense está usando o Campeonato Catarinense como um laboratório, um teste, para os valores da base mostrarem que são realmente valorosos e com isso ganharem uma chance para compor o elenco principal, os demais seguem outro rumo, ou voltando para a base ou longe do Scarpelli. O fato é que, mesmo com essa política, estamos alcançado a razoável campanha de quarto colocado no turno - o segundo turno são outros quinhentos. Como a excelente análise de Ney Pacheco falou: "seria muito fácil montar um time para vencer o estadual, o risco seria menor, mas o alcance também. Voltaríamos a ficar restritos às fronteiras do estado, já que esse mesmo time não teria fôlego para ir mais longe. Alguém quer voltar para esses tempos"?

Concordo com a idéia, os jovens da base devem, sim, serem aproveitados, mas sem a cobrança comum com os demais novos jogadores do clube. Para um jovem que criou uma identidade com o clube e aprendeu a gostar e torcer pela equipe profissional, vestir o manto alvinegro é uma tarefa muito mais árdua do que todos os "Zé Ruela's" que chegam aqui para ter alguma visibilidade e não estão nem aí pela história do clube e o que ele representa para nós torcedores. Como o grande Vilmar, a "enciclopédia alvinegra" da comunidade do Figueirense, lembrou, em outros anos, aqueles atletas vindos da base foram ganhando espaço com o tempo, sem a torcida nem ninguém responsabilizá-los pelo resultado. Porém naquela época tínhamos atletas experientes que davam a devida tranquilidade para os jovens: Cléber, Márcio Goiano, Jeovânio, Bilu, entre outros.

O Catarinense deve sim ser usado como laboratório. Concordo com a decisão tomada, tem que lançar guri da base no catarinense mesmo! Vai lançar quando? Na Copa do Brasil? No Brasileirão? É o momento adequado - os jogadores não estão com a corda no pescoço, nem a comissão técnica, além do que qualquer erro cometido ainda pode ser corrigido e o jogador que não corresponder não atrapalhará a caminhada rumo a Serie A. Os jovens valores devem aproveitar as oportunidades que surgem, foi deixado bem claro no início do ano pela comissão técnica que eles teriam oportunidades, porque tanto reclamavam no passado (e corretamente, pois trabalharam para isso), mas agora cabe a eles agarrarem-se a elas, tem que suar camisa, o tempo tá passando e quem bobiar fica de fora do barco. Tem que fazer laboratório seletivo agora, quando ainda dá pra avaliar e a pressão por resultados é menor. Não é fogueira alguma. Cada um tá tentando convencer que o Pintado pode contar com eles, o Dieyson tá conseguindo. O Marcão entrou em campo contra a Chapecoense, fato que gerou muita crítica da mídia e da torcida, por usar uma dupla tão jovem.

Muitos afirmam que deveríamos, desde já, ter uma equipe formada com os devidos jogadores contratados para cada posição. Com isso, quando descobriríamos que valia a pena manter o Dieyson no time com a zaga toda renovada e contratada para o restante da temporada? Que ele tem talento (espero que realmente tenha, pois ainda deve provar mais)? E quando teríamos a certeza de que, por exemplo, o Anderson Luis não dá para ser titular deste time? Só assim - botando para jogar.

Com isso enxugamos o elenco, tiramos os jovens atletas que não servem e aliamos as novas contratações que serão mais fáceis com o término do Paulistão e do Carioca que tem maior visibilidade. Se a Diretoria fazer isso estará correta e tem meu apoio, mas se persistir em quem não dá e não contratar estará errada. Em 2006, o Figueira foi campeão, mas usou durante o estadual jogadores com Édson, Henrique e Soares. Em 2007, passou longe do título, mas revelou Felipe Santana e Diogo que ajudaram, no futuro, com o vice-campeonato da Copa do Brasil.

O blog Furacão Alvinegro levantou: "um clube que investe cerca de 150 mil reais por mês nas categorias de base, tem que botar a garotada para jogar. O problema é que no ano passado esse trabalho foi represado (...) e agora o trabalho que deveria ter sido feito com mais calma, precisa ser acelerado. (...) O torcedor, muitas vezes, não perdoa erro de atleta que ele não conhece e é tolerante com aqueles jogadores mais rodados, esperando por vários jogos que eles repitam a qualquer momento suas boas atuações em outros clubes. Só que são justamente os jovens vindos da base que aprendem a gostar mais do clube. Estão ali há muito tempo, sonham com uma chance, freqüentam o Scarpelli para ver o time principal jogar e desejam que a torcida faça aquela festa toda para eles também. Talvez também por isso, somada à inexperiência, a camisa pese mais para alguns, que precisam de mais tempo e paciência para mostrar suas qualidades". Para ler a matéria completa, a qual recomendo, clique aqui.


Para finalizar o post, uma coisa que me deixa indignado são as vaias aos atletas oriundos da base alvinegra, no Scarpelli. Como já supracitado, seja em palavras de Ney Pacheco ou em minhas próprias, o torcedor parece achar mais difícil tolerar o erro de um jovem que realmente sente algo diferente, uma emoção maior e até mesmo a realização de um sonho, ao vestir o manto alvinegro, do que o de um daqueles jogadores mais rodados.

Ainda me indigno que muitos ainda acham certo, que está certo vaiar quem está fazendo uma partida ruim. Uns e outros acham correto rescindirem o contrato do atleta caso em uma ou duas partidas, ou uma pequena sequência delas, ele não conseguir mostrar algo de muito produtivo, queimando-o precocemente. Muitos já pediam a cabeça de Talheti após a partida de quarta-feira, falando que "não dava para engolir" o guri.

Torcedor não aprende.
Uma vantagem para o jogador manter-se aqui, quando valorizado, seria o carinho da torcida. Porque dinheiro, fama e visibilidade terão muito mais em outros clubes que fizerem uma boa proposta por seu futebol. Por isso mantemos o Wilson e o Fernandes, poderíamos manter muito mais jogadores. Cleiton Xavier ficou aqui pra retribuiu o carinho na campanha de 2007, poderia ter ido pro Inter. O que ganhou com isso? Muitas vaias por não conseguir jogar o que jogava no primeiro semestre do ano. Fica difícil mante uma identificação com um atleta desta maneira. Sem contar o Ruy, Jean Carlos, Felipe Santana, Carlos Alberto...

A lista é longa de jogadores que em suas primeiras aparições não corresponderam, fizeram bogagens e foram criticados, mas que atualmente desejaríamos de volta ao nosso clube - como Henrique no Clássico na Ressacada em 2006 onde foi expulso e acabou acarretando uma derrota com uma bobagem fenomenal, porém, apesar desse desafortunado início de carreira, deveríamos tê-lo mandado embora? Ele foi o jogador que fez um dos gols que mais comemorei na minha vida um ano depois. A lista é realmente grande. O André Santos nada estava jogando no Catarinense. Todo mundo o queria fora do time. Virou um dos melhores laterais-esquerdos do país, cotado até pra seleção ano passado. Victor Simões quase ninguém gostava dele no início. Depois ganhou alguns simpatizantes, mas até no início do ano tinha muitas críticas. E agora? É o artilheiro do carioca.

Por isso digo: vamos ter mais paciência com os jogadores da base, eles são os verdadeiros alvinegros no elenco e no futuro poderemos sentir saudades de quando, alguns deles (os que derem certo), usaram o manto alvinegro. A oportunidade deles mostrarem serviço é agora, no Catarinense, vamos apoiá-los e ajudá-los, tendo mais tolerância para com seus erros - isso será muito importante para o futuro do Figueirense Futebol Clube.

Você concorda? Sua opinião é sempre bem-vinda!

2 comentários:

Saulo disse...

Deve sim para alguns jogadores da base.

Jbmartins-Contra o Golpe disse...

È, assim fica dificil, os garotos se firmarem pegando cada rabo de foguete, mais acho que as contrações vem do Mirassol e Cia, no fim do Paulista, a gente ficara com o refugo deles, aguenta coração.