sexta-feira, 20 de março de 2009

A primeira vitória de Roberto Fernandes - pontos positivos e negativos

Em sua estreia no Orlando Scarpelli, o técnico Roberto Fernandes conseguiu arrancar uma vitória suada e, para variar, alcançada nos últimos momentos de partida.

Roberto Fernandes utilizou o esquema 4-4-2 e experimentou algumas peças para ver se elas podem ajudar no decorrer da temporada, colocando o lateral estreante Davidson para jogar, além de William Matheus, Juninho (que voltara de suspensão) e Ueta. O técnico ficou com uma certa duvida de quem entraria na posição de meia ao lado de Jairo, mas teve a preferência de Ueta de vez de Talhetti (Maicon como o mesmo prefere que o meia seja chamado).

O Marcílio jogava o jogo de sua vida, pois uma vitória poderia dar um fôlego nesta difícil fuga do rebaixamento.

O mudado Figueirense de Fernandes começou o primeiro tempo um pouco melhor o jogo mas com menos posse de bola, mas em todo o decorrer do primeiro tempo alternou bons e maus momentos, com excelentes defesas de Wilson e alguns gols perdidos, principalmente nos pés de Rafael Coelho que sempre acha boas oportunidades. Contudo, o time era displiscente com a bola nos pés e às vezes apelava para o chutão - deixando Roberto Fernandes histérico e inconformado no banco de reservas. A torcida já começava a ficar impaciente até que Rafael fez seu gol, em uma bela jogada de força e superação para tirar a "nhaca". Foi para o vestiário vencendo a partida.

No segundo tempo os ânimos abaixaram juntamente com os ímpetos, mas Marcílio tomou a iniciativa e Wilson fez das suas de novo. William Matheus foi deslocado mais para a zaga e suas subidas cessaram totalmente. Com a partida disputada, Schwenck e William Matheus perderam oportunidades claras de gol. O lado esquerdo da defesa alvinegra era severamente atacado por Rafael Tesser que deitava e rolava. Até que, em uma boa subida, o Marcílio empatou com um belo passe para Ítalo que, com a marcação de Bruno Octávio, conseguiu marcar o gol.
Vejo que a culpa deste lance foi maior da proteção da área, pois o meia teve todo espaço para carregar a bola e lançar o atacante. Com isso Perone teve sair para abafar o jogador e Bruno Octávio ficou sozinho, encoberto, com o jogador marcilista - gol. Foram muitos culpados para um gol só.
A torcida já estava inconformada até que com um belíssimo passe de Rafael Coelho, o garoto Maicon Talhetti que acabava de entrar fez uma jogada sensacional e empatou a partida. Na rádio certos "comentaristas" desdenharam do lance do garoto, mas quem entende um pouco vê que não foi um lance de sorte, mas de habilidade.

O jogo terminou e Fernandes fez uma das três partidas experimentais que tem. Creio que jogadores como Juninho podem ter perdido um pouco o espaço, pois atuaram mal hoje, mas com certeza o técnico não avaliará as peças em uma única partida. Talhetti mostrou-se mais voluntarioso no ataque que Ueta que não foi bem nem na marcação e apenas mostrava qualidade em lances esporádicos de cruzamentos e bola parada. Rafael Coelho é o queridinho do técnico e correspondeu isto.
Além disto o setor 3-5-2 mostrou-se mais eficiente com a liberação dos alas para o apoio.



Pontos positivos

  1. A persistência de Rafael Coelho é algo a ser elogiado. O garoto de Ponta das Canas brigou o jogo todo, perdeu gols que ele mesmo criou com seu bom posicionamento e força física, mas também marcou o seu em uma jogada que teve méritos totais. Fernandes confia no jogador e fala que ele é importantíssimo para a equipe, o que eu concordo. Coelho em uma arrancada, ao estilo Ronaldo de grande força, pode mudar a partida. Além disto ainda deixou Talhetti na cara do gol.
  2. Nosso goleirão novamente mostrou porque é, disparado, o melhor do Estado. Impressionante como tem reflexos e fecha bem o ângulo. Se tem alguém que devemos agradecer nesta partida pela vitória é Wilson.
  3. O setor de criação no meio campo esteve sobrecarregado, mas Jairo conseguiu se compartar relativamente bem, assim como Talhetti que mostrou porque já foi convocado para a seleção brasileira e calou muitos críticos que adoram queimar a base. Vejo que com Pedrinho ou até Fernandes do lado teremos um grande meio de criação, ainda mais com Lucas e Anderson Pico apoiando.
  4. As jogadas ensaiadas que estão começando a dar as caras no Figueirense. Em uma bela cobrança de falta de Rafael Ueta, o Figueirense poderia ter marcado o gol mas Rafael Coelho perdeu. Isso é um fato que mostra que temos um técnico que entende do negócio, pois há muito tempos não via isto por aqui.

Pontos negativos

  1. O apoio das laterais, tanto elogiadas anteriormente, novamente pararam de apoiar. O apoio pelo lado de William Matheus era quase nulo e o ex-zagueiro praticamente só defendeu. Davidson atuou bem no primeiro tempo, com muita correria e alguns bons cruzamentos, no entanto no segundo tempo caiu um pouco de rendimento.
  2. Os chutões voltaram a aparecer na partida de hoje. A bola trafegava de uma lateral a outra, passando pelos zagueiros e com a marcação em cima do Marcílio acabava resultando em uma tentativa de lançamento de Perone. Juninho, que elogiei nas últimas duas atuações, voltou a não jogar nada e não fazer o que lhe foi elogiável - levar a bola ao ataque. A do Ueta não é levar a bola em velocidade e com Jairo sendo usado como praticamente um terceiro atacante não tínhamos ninguém para fazer tal papel, sobrando às vezes para Bruno Octávio que é aquele jogador de marcação e passe e não arrancada - que saudades de Roger e Lucas.
  3. O lado esquerdo da defesa ficou muito desprotegido. William Matheus, que anteriormente ao menos fechava bem este lado, está muito lento e levou muitas bolas nas costas. Caso não conseguisse se recuperar, como algumas vezes, ou contasse com a ajuda de Perone que chegava por ali, poderia ter complicado ainda mais o jogo com as subidas de Rafael Tesser. A proteção daquele lado da entrada da área, feita por Ueta e Juninho, foi nula.
  4. O ataque perdeu muitos gols, tanto com Rafael Coelho como Schwencke até Douglas. Ambos os atacantes são inconstantes mas os gols importante geralmente saem dos seus pés. Perderemos os cabelos algumas vezes com eles, mas elogiaremos os dois em mais oportunidades. Rafael, porém, perdeu várias mas fez. Schwenck que até então vinha sendo um dos melhores jogadores, desta vez não atuou bem.
  5. O preparo físico do time juntamente com a postura mais cautelosa tomada no segundo tempo, o que originou o gol do Marcílio Dias. Não podemos trazer o adversário para o nosso campo no Scarpelli. O time ficou apático e só acordou com o gol adversário. Até Roberto Fernandes reclamou da falta de preparo físico, espero que isso evolua com a nova filosofica por lá.


Análise individual

  1. Wilson: Estupendo e impecável. O melhor jogador do jogo e uma muralha no gol. Defendeu o alvinegro em chances claríssimas de gol.
  2. Davidson: Estreou bem o novato lateral vindo da Ucrânia mostrou que tem muita raça, velocidade, força física e disposição. Também mostrou que sabe cruzar, até mesmo quando a bola está mais a frente, caindo no chão. Deu uma revigorada no fôlego do time (mostrando que sim tem diferença um jogador que fez uma pré-temporada correta e não foi colocado para jogar sem estar 100%) e chegou junto em vários lances mostrando muita força de vontade, algumas vezes até pecando por ir com muita sede ao pote - fez algumas faltinhas devido a esta sua característica. Fez o lançamento do primeiro gol e mostra que acrescentará muito ao time, mas tem uma forte sombra: Lucas. No segundo tempo caiu de rendimento e fez algumas besteiras.
  3. Dieyson: O garoto não comprometeu neste jogo e fez uma atuação segura. Tem muito a crescer ainda, principalmente ao lado de zagueiros experientes como o lesionado Régis e se possível algum novo contratado. Sua qualidade de velocidade foi bem aproveitada, ao tirar algumas bolas com uma boa recuperação. É um bom reserva, mas precisa aprimorar seu posicionamento, além de que ainda o falte uma certa malícia em campo. Não teve culpa no gol.
  4. Bruno Perone: Foi razoável. No lance do gol todos colocaram a culpa dele, mas vejo que a culpa maior foi da proteção de área do lado esquerdo da defesa, composta por Ueta e Juninho, além do lateral William Matheus. Perone teve de sair para abafar o jogador que tinha toda a liberdade e o passe saiu para Ítalo marcar, com a marcação do sozinho Bruno Octávio. Com a bola nos pés não fez besteiras e não comprometeu, mas precisa de uma boa proteção para atuar bem, pois saindo para o primeiro contato faz besteiras.
  5. Bruno Octávio: Sobrecarregado e portanto sumido. Teve que carregar a bola para o ataque em alguns lances e essa não é a dele. O que o volante deve fazer é marcação forte e passes de qualidade para movimentar o meio de campo. Com Roger do lado rende muito mais, senão fica sobrecarregado.
  6. William Matheus: Novamente não foi bem. Não fez besteiras com a bola nos pés, não errou vários passes como costumava fazer, mas não aparecia para o jogo no ataque. O Figueirense depende muito de quem faz isto e com um a menos no apoio se perde, ainda mais quando foi recuado. Além do mais perdeu várias jogadas na corrida para Rafael Tesser e complicou o jogo, na sorte recuperou-se em alguns lances senão a situação seria pior.
  7. Rafal Ueta: Tem qualidade com a bola parada, em lançamentos, mas não apoia tanto quanto o time precisa. O Figueirense é muito dependente de alguém que dê a cara a tapa e crie alguma coisa, como Jairo, Rafael Coelho, Ricardinho e Lucas. Ueta não é este tipo de jogador. Em faltas cobra bem, faz bons passes por cima, mas precisa aparecer mais para o jogo. Foi mal defensivamente também.
  8. Juninho: Foi mal. Eu que vinha elogiando o volante, desta vez tive de criticá-lo. Não foi bem no apoio, não conduziu bola, perdeu bolas bobas errando passes tranquilos e não mostrou aquela garra e recuperação que me impressionaram no último jogo. Espero que volte a mostrar aquele futebol.
  9. Schwenck: Hoje foi mal. O jogador é muito importante para o time, mas desta vez não conseguiu finalizar bem as oportunidades que teve. Deu um belíssimo passe pra Coelho que perdeu o gol, mas fez praticamente só isso. Posiciona-se bem e isto será um trunfo no futuro. Precisa ser mais estável.
  10. Jairo: Bem, mas pode ir melhor. O meia atuou bem, muito voluntarioso e rápido, mas precisa ser mais objetivo e não vejo a hora de ver Pedrinho ao seu lado, pode ser uma boa mescla de velocidade e juventude com qualidade e experiência. Espero que evolua com Roberto Fernandes
  11. Rafael Coelho: Muito bem. Perdeu muitos gols, mas a grande maioria oriundos de um bom posicionamento, força de vontade, persistência, arranque e força física, algumas das principais qualidades do mané da ilha. Marcou um belo gol em uma jogada puramente do atleta e teve participação direta no de Talhetti, com um bom passe. É o titular do ataque.
  12. Anderson Luís: Atuou pouco, sem avaliação.
  13. Douglas: Também não participou muito mas foi o suficiente para perder um gol cara-a-cara com o goleiro. Precisa melhorar seu domínio de bola, mas tem qualidade.
  14. Talhetti: Entrou e definiu o jogo. Marcou o gol salvador em uma linda jogada, de quem entende. Prendeu a bola, girou e bateu no cantinho, sem chances para Kessler. Tem qualidade, todos já sabemos, mas precisa ter uma boa sequência - espero que este gol dê a ele a tranquilidade que necessita, vibrei bastante por ele ter sido o autor. Precisa ter mais chances e acho que Fernandes já decidiu por quem irá optar na próxima partida no meio campo.

Faça sua análise, torcedor alvinegro!

3 comentários:

Dante disse...

Ñ pude ir a este jogo. Tua descrição me fez sentir no estádio. Perfeita. Entendi direitinho o jogo. Consegui escutar o segundo tempo pela Guarujá e o gol do Talhetti foi muito bem valorizado por todos e muito elogiado. Assiti os gols no video do blog, repeti 4 vezes e o narrador que ñ me lembro o nome, foi bem mais enfático no "grito" do gol do Marcilio. Estaria eu enganado?

Matheus G. disse...

Pois é Dante.

O Giovanni Martinello é avaiano.
Assim como todos os radialistas da CBN com pouquíssimas exceções. Dos principais, apenas Carlos Eduardo Lino era alvinegro e foi mandado embora.

Guarujá é alvinegra em sua maioria, assim como a BAND.

A CBN deu a entender que o belo gol do garoto foi na sorte, pois ele pisou na bola e deu certo e o chute foi meio que caindo - menosprezaram completamente o lance.

Nao ouço CBN mas tive de ouvir a radio após o jogo pois estava de carona, é bom para poder criticar no espaço que tenho.

E obrigado pelos elogios Dante, é para pessoas como você que estamos nesta jornada do blog. Grande abraço e nunca economize críticas.

Dante disse...

Estamos aí, meu camarada. Continue sempre. E parabéns pela luta constante no blog. Grande abraço.